No
dia 29 de junho de 1942 nasce na cidade de Seregno em Milão-Itália, a oitava e
última filha do casal Francesco e Carolina, recebe o nome de Ottavia que para
alguns está relacionado ao fato de ser a oitava filha, mas conta-se que o seu
nome é fruto de uma promessa de seu pai, feita ao seu melhor amigo Ottavio,
durante a segunda guerra mundial na qual, se prometeram que se sobrevivessem,
dariam os seus respectivos nomes ao seu filho ou filha e assim o fizeram.
A
pequena Ottavia conviveu, desde seu nascimento, com a horrenda realidade da guerra,
mas também ainda pequena aprendeu o sentido do amor ao próximo, pois era no seu
carrinho de bebê, sob o seu cobertor, que a sua família levava comida para
aqueles que precisavam.
Teve
uma infância feliz, cercada de travessuras e descobertas, e junto à sua prima colhia
escondido do avô, os morangos, cerejas e ovos e nos campos dourados do trigo
apanhava flores.
A
educação na fé não faltou na sua vida, após a primeira Comunhão sua professora
levava a turma uma vez na semana para confissão, Ottavia confessava-se sempre
com Pe. Beneditino Damiano, o qual percebeu os dons daquela pequena e procurou
orientá-la.
Na
sua infância e adolescência, freqüentava o Oratório, onde rezavam, conheciam a
vida dos santos, cantavam, dramatizavam e aos quatorze anos tornou-se Oblata
Mirim Beneditina, recebendo o nome de Maria. Aos poucos despertou a vocação
para Vida Religiosa.
Irmã
Colomba, da Congregação dominicana, dizia: “ela
tem o olhar dominicano”, tinha também uma tia freira que a ajudou muito,
mas dizia que a sua Congregação não era o “lugar” que Deus havia escolhido para
ela. Foi Pe. Damiano que a encaminhou para a Congregação das Irmãs
Estabelecidas na Caridade. Porém antes teve que travar uma “batalha” com o seu
pai, que não aceitava a vocação religiosa da filha.
Superadas
as primeiras dificuldades no dia 5 de setembro de 1959, é acolhida entre as Irmãs
Estabelecidas na Caridade, e no dia 5 de junho de 1960 é admitida no noviciado.
No dia 5 de junho de 1962 faz sua primeira profissão religiosa, recebendo o
nome de Ir. Germana. Em 03 de setembro de 1967 fez a profissão perpétua,
consagrando para sempre a sua vida à Deus, expressa no carisma congregacional
de Acolher, Educar e Formar crianças, adolescentes e jovens de qualquer
condição social segundo as necessidades dos tempos.
Dedicou-se,
a atividades paroquiais e às crianças nas escolas de S. Michele, Sieci e
Firenzuola, na região Toscana-Itália. Quando em 1989 a Congregação abriu-se
para as necessidades missionárias da Igreja e do seu povo sofredor, em
Salvador-Ba, Ir. Germana colocou-se imediatamente à disposição do chamado
missionário, mas não foi dessa vez, que obteve uma resposta positiva, porém no
ano de 1995, com a crescente necessidade da comunidade missionária, a mesma foi
enviada pela congregação religiosa, para a missão em Salvador-Ba.
Ir.
Germana ao chegar ao Brasil, precisamente em Salvador-Ba no bairro da Capelinha
de São Caetano, deparou-se com uma realidade de grande desigualdade social, e assumindo
com amor e coragem, o carisma da Congregação de acolher, formar e educar
lança-se ao encontro desta gente tão sofrida. Mesmo ainda não entendendo e sem
falar corretamente a língua, contava com a ajuda dos leigos da comunidade nas
visitas às famílias onde encontrava as crianças que estavam fora da escola e em
situação vulnerável pelas ruas e procurava inseri-las na Pastoral da Criança e
na Escola Comunitária Estrela da Manhã onde permaneceu na direção até o ano de
2000.
No
dia 02 de fevereiro de 2001, foi enviada pela Congregação, como superiora da
casa de formação Maria, Mãe da Esperança, localizada no bairro da Boa Vista do
Lobato, em Salvador-Ba, assumindo também a direção do Centro Educacional
Caridade que atualmente, após 11 anos de existência, atende mais de 400 crianças
e adolescente do bairro e adjacências. Nesta escola os alunos recebem não só, a
educação sistemática (Educação Infantil), como também uma alimentação de
qualidade, e participam de oficinas de Leitura e Escrita e Matemática, bem como
atividades alternativas: Informática, Artesanato, Música, Futebol e Capoeira.
Neste
ano celebramos 50 anos de Vida Religiosa Consagrada de uma mulher que disse sim
a Deus, um sim que se concretiza no dia-a-dia através de seus gestos de
dedicação às crianças e às famílias. Não é um sim só de palavras, pois não faz
grandes discursos, percebemos o seu sim nas palavras de incentivo dado às mães
que se encontram em dificuldades para criar e educar seus filhos; nas palavras de encorajamento aos adolescentes que
têm uma baixo-estima e por isso muitas vezes não acreditam em si mesmo e nas
palavras de entusiasmo ditas às professoras que se encontram muitas vezes
cansadas ou desanimadas diante das dificuldades.